sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Nada de sabichonice


Como ótimo exemplo de paciente com "complexo de inferioridade" que sou, deixo de lado a função primeira de um blog: falar. Uma das condições essenciais do homem contemporâneo é ser ouvido, ser notado e contemplado diante de sua sabedoria. Por isso, agradeço aos céus por ser tão clásica e atrasada.


E já que não concordo que a maior parte de nós tenha algo realmente importante que os outros tenham de escutar, trago neste blog - que provavelmente não será lido - uma série de ensinamentos trazidos pela literatura mundial, boa cinematografia ou alguma musiquinha legal (lembrar de aprender a fazer isso!).

Ensinamentos del Quijote

Conselhos de Dom Quixote de la Mancha a seu fiel escudeiro, em época da posse deste como governador da ilha concedida pelo Duque.

"Em segundo lugar, deves pôr os olhos em quem és, procurando conhecer-te a ti mesmo, que é o mais difícil conhecimento que se pode imaginar. Conhecendo-te, não te incharás, como a rã que quis igualar-se ao boi. Se isto fizerdes, virá a ser feios pés da roda de tua loucura a consideração de haverdes guardado porcos em tua terra"
(...)
"Nunca te guie pela lei do arbítrio, que sói ter muito cabimento com os ignorantes presumidos de agudos."

El Ingenioso Hidalgo Don Quijote de La Mancha, livro II / Miguel de Cervantes Saavedra / 1615.


Indubitavelmente, na segunda parte da narração das aventuras do fidalgo da Mancha que tornara-se cavaleiro andante, percebe-se que este não é apenas um alucinado leitor de novelas de cavalaria. Dom Quixote mostra-se sábio, bem como seu escudeiro Sancho Pança. Em diálogos ou solilóquios destas duas personagens está a sabedoria da literatura de Cervantes, despida de presunção e permeada de pequenos ensinamentos que eternizam sua obra na história da humanidade.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Jean Seberg

Quem já assistiu "À bout de souffle", obra de estréia de Jean-Luc Godard, certamente ficou encantado com a independente Patricia Franchini. De sorriso e elegância indescritíveis, Jean Seberg mais uma vez deixa o espectador fascinado.

Neste filme, ela faz o papel de uma aspirante a jornalista que se relaciona com um charlatão parisiense procurado pela polícia. Patricia nega durante quase todo o longa a sua paixão por Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo) e dá ao filme um final digno de seu astucioso risinho, ao perguntar "O que significa ascória?". É genial!


Para quem ainda não viu, olhar a fotografia ao lado dá uma boa idéia.

terça-feira, 4 de março de 2008

Fernando Pessoa




Diante da minha grande falta de inspiração (ou necessidade de falar alguma coisa mesmo), resolvi transcrever um trecho de "Livro do Desasossego" que talvez diga algo ao leitor.

Fragmento 2.

Tenho que escolher o que detesto - ou o sonho, que a minha inteligência odeia, ou a acção, que a minha sensibilidade repugna; ou a acção, para que não nasci, ou o sonho, para que ninguém nasceu.

Resulta que, como detesto ambos, não escolho nenhum; mas, como hei-de, em certa ocasião, ou sonhar ou agir, misturo uma coisa com outra.